O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), vinculado a Secretaria Estadual da Saúde (SES), emitiu um alerta epidemiológico devido à ocorrência de surtos de doença meningocócica em municípios gaúchos. A meningite é uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo ser causada por vírus, fungos, parasitas ou bactérias. A forma bacteriana é a mais grave, com risco de sequelas e óbitos.
A doença meningocócica é causada pela bactéria Neisseria meningitidis e a transmissão ocorre por contato direto com secreções respiratórias, como tosse, espirro ou beijo. Os sorogrupos A, B, C, W, X e Y podem provocar quadros graves e surtos.
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Até a semana epidemiológica 37 (07 a 13/09), foram confirmados 57 casos da doença. Conforme a pasta, o número é superior ao total de 2024 (53 casos). Os registros foram feitos em 14 das 18 Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS). As notificações ocorreram entre maio e início de setembro. A faixa etária dos pacientes variam dos 5 meses a 72 anos.
A medida divulgada na quarta-feira (1º) busca reforçar a atenção dos serviços de saúde, além de orientar a população sobre os sinais da doença e as ações de prevenção. Até o momento, sete óbitos relacionados à doença foram registrados no Estado, mesmo número de 2024.
Surtos
Um dos municípios afetados é Pelotas, que este ano confirmou cinco casos de meningite, sendo três do tipo, ou sorogrupo, Y (sem vínculo entre si) e dois do sorogrupo C da bactéria Neisseria meningitidis. Nenhum caso evoluiu para óbito.
O outro é Canguçu, município da mesma Coordenadoria Regional de Saúde, no qual foram registrados dois casos adicionais, ambos pelo sorogrupo Y, incluindo um óbito de um homem de 38 anos. Outro surto de doença meningocócica foi identificado em setembro, no município de Bento Gonçalves, com três casos confirmados entre julho e agosto. Entretanto, a SES afirma que "diferente do cenário registrado em Pelotas, os casos na cidade da Serra foram causados pelo sorogrupo B da bactéria, não possuindo vínculo com os casos de Pelotas ou com os de Canguçu".
Segundo a SES, a caracterização de surto comunitário em Pelotas do sorogrupo Y atende ao critério técnico de três ou mais casos, sem relação entre eles (diferentes cadeias de transmissão), em um intervalo de até três meses na mesma localidade. A confirmação é feita em conjunto pelo município, Estado e Ministério da Saúde, considerando também o contexto epidemiológico.
Frente a esse cenário, o Cevs orienta os serviços de saúde da região a manterem atenção redobrada para a identificação precoce de casos suspeitos.
As principais medidas de resposta incluem:
- Detecção precoce dos casos
- Manejo clínico adequado
- Quimioprofilaxia para contatos próximos, preferencialmente nas primeiras 24 horas após a identificação do caso
Sintomas
A população deve procurar atendimento médico imediato ao surgimento de sintomas, especialmente se forem de início súbito. Os sinais incluem:
- Febre alta repentina
- Dor de cabeça intensa
- Rigidez na nuca
- Náuseas e vômitos persistentes
- Sensibilidade à luz
- Sonolência excessiva ou confusão mental
- Manchas vermelhas ou roxas na pele que não desaparecem ao serem pressionadas
- Convulsões
- Em crianças menores de dois anos: irritabilidade, choro persistente, sonolência ou abaulamento da moleira
Sinais de gravidade como dificuldade para respirar, palidez, extremidades frias e queda rápida do estado geral exigem atenção imediata. É recomendado levar a caderneta de vacinação ao serviço de saúde.
Vacinação
A doença meningocócica é prevenível por meio da vacinação, disponível gratuitamente no Calendário Nacional de Vacinação. Pelo SUS estão previstas vacinas para quatro tipos da bactéria, uma específica para o sorogrupo C e outra vacina que conjuga os tipos A, C, W e Y.
- 3 e 5 meses de idade: Vacina meningocócica C (1ª e 2ª doses)
- 12 meses de idade: Vacina meningocócica ACWY (reforço)
- Adolescentes de 11 a 14 anos: Vacina meningocócica ACWY (dose única)